Estou tristíssima

Estou de rastos, nem Perdigão quando perdeu a sua pena deve ter sentido o que eu sinto. É que nem sequer tenho um plano B, aquilo que estão sempre a dizer na rádio que, o António, o Manuel e a Joana têm. Aguento uma dor de corno, uma nega para beber um copo, uma alteração no horário do ultimo episódio do Lost, a derrota do meu clube na final da taça, mas não sei se estou a aguentar que a minha companheira aka Micas me tenha aspergido com urina os livros de poesia. Eu, que até os guardo numa prateleira especial onde não entra prosa. Agora, que ainda estão molhados ando às voltas sem coragem para fazer o rescaldo dos danos, contudo ponho-me a olhar para a lombada da Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa e vejo aquela mancha que até ao Eugénio de Andrade, que tanto gostava de gatos, envergonharia. Nem quero pensar que, quando for ler um soneto da Florbela, os meus olhos estarão destraidos com a mancha da última estrofe

“Poisa as mãos nos meus olhos, com carinho,
Fecha-os num beijo dolorido e vago…
E deixa-me chorar devagarinho … “ (in Nocturno)

Como é que posso fechar os olhos? Se fecho … cheira-me a xixi.

Então o livro do Fernando Pinto do Amaral, está uma lástima, sobretudo no poema Segredo, que tanto gosto. Ele que até vinha um dia destes à Câmara de Aljezur fazer uma palestra… não posso pedir-lhe um autógrafo.
Parece que os únicos que se escaparam foram os da Anna Akhmátova, um da Sophia de Mello Breyner Andresen e outro do Antero de Quental, claro açoriano tem impermeável.

Estou arrasada