Na senda da paz mundial...
Um belíssimo poema de Almeida Garrett e um excerto da "Ilha dos Amores" de Camões vêm mesmo a propósito do último post da Grainha Nat.
Também os poetas desejam e defendem a paz mundial...
Não te Amo
Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
Ó que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã, e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.
(Estr. 83, Canto IX, Os Lusíadas)
1 Comments:
Sempre achei esse poema de Almeida Garrett extraordinário e tão perto do meu entender de paixão.
Quanto ao Camões, todos sabemos o quão bem sucedido era o poeta zarolho junto das mulheres.
Belo post e bem a propósito...
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